Parcerias estratégicas: colaboração com empresas e governo e participação em redes de inovação
Mesa discutiu os desafios para consolidação dessas parcerias e a participação em redes de inovação.
Os desafios para consolidação de parcerias estratégicas em colaboração com empresas e governo e participação em redes de inovação foram discutidos na tarde desta quarta-feira (20), segundo dia do Conexões Ifes, que acontece no Sesc Praia Formosa em Aracruz até esta sexta-feira (21). Para falar sobre o assunto, participaram da conversa a vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Francilene Garcia; e o chefe de gabinete da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fernando Peregrino, em debate mediado pelo pró-reitor de Extensão do Ifes, Lodovico Ortlieb Faria.
Para a vice-presidente da SBPC, os territórios passam a ser protagonistas no desafio de realizar parcerias estratégicas; e os territórios, por sua vez, começam a se modificar com a presença de universidades. “A reflexão da política científica precisa estar integrada à política de desenvolvimento daquele território. O próprio envolvimento dos nossos programas de pós-graduação e graduação devem estar dentro dessas temáticas. É necessário pensarmos em estratégias de cada instituição para abordar tanto programas nacionais quanto especificidades de um território”.
Dentro dessa lógica, há alguns desafios como a necessidade de um plano de inovação formulado, conhecido pelos gestores, docentes, técnicos e alunos; que estabeleça as redes que a instituição faz parte; quais são as redes de conhecimento que a estrutura da instituição integra e quais têm parcerias nacionais e internacionais. “E refletir sobre como fazer o engajamento dos alunos. Com uma grade curricular sendo alterada a cada dez anos, já perdemos o bonde”, avaliou ela, enfatizando que é necessário ser “trans e multidisciplinar”, evitando modelos engessados. “Não dá para falar em parceria sem que os processos sejam discutidos e reavaliados”, conclui.
Já Fernando Peregrino fez uma avaliação crítica sobre o porquê o Brasil não se desenvolve industrialmente em todo seu potencial. “Há algum tempo a nossa balança comercial é como um termômetro que mostra que estamos com febre. Exportamos minério, lítio, para que outros países que compraram de nós passem a nos vender esses produtos manufaturados e com valor agregado. Nós somos criativos, nossas universidades não deixam nada a desejar, o que não temos é escala”, avaliou.
Apesar desse cenário, Peregrino diz estar otimista. “Esse governo fez o que poucos governos fizeram, produzir política pública para uma nova indústria do Brasil. Quem remunera melhor o trabalhador, senão a indústria? O setor traz rentabilidade crescente e a remuneração mais impostos, gera riqueza”, destacou.
E concluiu que, nesse contexto, a ciência, a tecnologia e a inovação são impositivos. “Nós temos o compromisso de desenvolver a tecnologia. E não se faz desenvolvimento tecnológico sem política econômica coerente. Olhar de maneira sistêmica, não só olhar para o nosso lado, é preciso olhar para construção de bens e serviços. O dinheiro para as universidades sai do trabalho do brasileiro”.
Para o mediador Lodovico, a produção de ciência, tecnologia e inovação também é imprescindível para promoção do desenvolvimento econômico, social e sustentável do estado brasileiro. “Isso para garantir nosso acesso ao seleto grupo de países desenvolvidos, que definem as regras do desenvolvimento econômico. Nosso desenvolvimento econômico, sustentabilidade e independência depende muito da nossa indústria de transformação”, destacou.
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