Evento apresenta panorama da Educação de Jovens e Adultos na Rede Federal e no ES
O encontro “EJA-EPT: Compreender, Planejar e Fortalecer a Oferta no Ifes” deu o pontapé inicial para a elaboração de um mapa de cursos que poderão ser ofertados pela instituição.
Cerca de 145 servidores participaram do evento “Educação de Jovens e Adultos na Educação Profissional (EJA-EPT): Compreender, Planejar e Fortalecer a Oferta no Ifes”. O encontro foi realizado na Cidade da Inovação, em Vitória, na terça-feira (28). A organização foi feita pelo Comitê Permanente EJA-EPT, vinculado à Diretoria de Ensino Técnico da Pró-reitoria de Ensino (Proen).
O evento apresentou um panorama da EJA no contexto da Rede Federal, da Rede Estadual de Ensino e do Ifes. A primeira palestra do dia foi feita pelo professor Carlos Artur Arêas, do Instituto Federal Fluminense (IFF), com o tema “Contextualizando a EJA-EPT na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica”. Em seguida, foi apresentado o painel “O Comitê EJA-EPT no Ifes - Caminhos Construídos e em Construção”.
Na parte da tarde, a programação contou com a mesa-redonda “As Experiências da Oferta de EJA-EPT na Rede Federal: (Re)Conhecendo e (Re)Pensando Ofertas”, que teve a participação do pró-reitor de Ensino do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Adriano Larentes da Silva; e do Coordenador da EJA-EPT do Instituto Federal de Goiás (IFG), Diego Gomes. A mediação foi de Glaucia Ferrari (Campus de Alegre).
Os convidados falaram sobre as experiências em seus institutos, destacando caminhos institucionais para o fortalecimento da EJA e oferecendo uma visão ampla do momento social brasileiro e sua relação com essa modalidade de oferta. Adriano da Silva destacou que a marca da EJA no Brasil é a descontinuidade de oferta. Ele relatou que, no IFSC, foi elaborada uma política que estabeleceu a meta de ofertar 10% de vagas por campus na EJA-EPT. Isso ainda não foi atingido, mas a mobilização institucional já se efetivou, destaca.
Ele falou ainda sobre a necessidade de enxergar os estudantes como “trabalhadores estudantes”, de modo a promover uma educação popular crítica, com o suporte necessário para que possam permanecer na escola, levando em conta sua realidade e particularidades.
Diego Gomes contou que, no IFG, há uma política de não fechar cursos da EJA sem que haja um projeto de curso já aprovado em substituição, assim, mantém-se o quantitativo de vagas. Ele destaca que é preciso lembrar sempre que a EJA é um dos objetivos dos Institutos Federais, listados na lei de criação, e que é algo estrutural, não circunstancial.
Diego propôs um olhar contextualizado sobre os estudantes, lembrando da retirada de direitos trabalhistas, uberização do trabalho, redução orçamentária dos IFs, entre outros fatores que devem ser analisados. “O trabalhador não está conseguindo chegar na escola”, apontou. Ele trouxe para o público a questão: “como aprimorar nossos desenhos institucionais para atender melhor ao público de trabalhadores?”.
Mudanças culturais
Em seguida, foi realizada a última mesa-redonda do dia, com o tema “EJA no Espírito Santo: Cenários e Formas de Aprender”. Os participantes foram Carlos Fabian de Carvalho (do Fórum EJA Espírito Santo); e Mariane Berger, da Secretaria de Estado da Educação. A mediação foi feita por Elisangela dos Santos de Oliveira (Campus Piúma).
O professor Carlos Fabian apontou a necessidade de mudanças culturais dentro do próprio Ifes para abraçar o público da EJA. Ele relembrou ainda as diversas produções de estudantes da própria instituição falando sobre políticas e ações possíveis para fortalecer a modalidade que poderiam ser revisitadas.
O professor comentou que as novas maneiras de fazer a EJA – por exemplo, conjugada a cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) e qualificações profissionais – devem ser consideradas, dada a diversidade do público. Entretanto, destaca, que essa deve ser uma via de ampliação de possibilidades, e não de substituição ou redução de direitos (com uma precarização da formação).
Já Mariane Berger propôs uma reflexão sobre o lugar da EJA-EPT na gestão, ressaltando que não basta desejar e conscientizar sobre a necessidade dessa oferta, mas também pautar e agir a partir da compreensão dos papéis e contextos. Para ela, é preciso que a educação popular se assuma como tal para que possa cumprir sua função. A premissa da EJA na Sedu, conforme o relato de Mariane, é que unir a leitura da palavra com a leitura de mundo é um ato político.
Avaliações
Para a diretora de Ensino Técnico do Ifes, Sanandreia Torezani Perinni, o encontro foi de grande importância. “As pessoas tiveram uma visão geral, puderam perceber que temos desafios em comum com outros lugares. O público foi receptivo”, avaliou. Ela conta que o próximo passo será a organização de mais encontros em cinco macrorregiões para fazer um mapa das possíveis ofertas em EJA-EPT no Ifes.
Para a pró-reitora de Ensino, Adriana Pionttkovsky Barcellos, o encontro reforçou a esperança de que o Ifes conseguirá cumprir um papel ainda mais relevante para esse público. “A gente pode fazer muito com a força que o Ifes tem”, comentou. Ela relembrou que hoje o Ifes tem como política a institucionalização da EJA-EPT, e que o Comitê está dando mais um passo importante nessa direção.
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