Inovação e planejamento estratégico para IGs são debatidos em evento de Indicação Geográfica com a Rede Federal
Programação desta sexta (6) teve ainda apresentação de trabalhos.
A mesa-redonda com o tema "Inovação com Polos Embrapii" abriu a programação do Encontro de Indicação Geográfica com a Rede Federal nesta sexta-feira (6). Sérgio Vicente de Azevedo, diretor do Polo de Inovação IFSP, e Hamilton Charlo, coordenador de Planejamento e Negócios do Polo de Inovação IFTM, destacaram o papel fundamental dessas unidades em fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias, atendendo às demandas de empresas de todos os portes.
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) atua como um elo entre instituições de pesquisa e empresas, compartilhando riscos e custos na fase inicial de desenvolvimento de novos produtos e processos. Ao todo, são 93 unidades Embrapii espalhadas pelo país, sendo duas delas dedicadas à área de alimentos: o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e o Instituto Federal de Minas Gerais (IFTM).
Sérgio salientou as vantagens dos polos, como a infraestrutura adequada, os pesquisadores qualificados e os recursos financeiros não reembolsáveis oferecidos pela Embrapii. Já Hamilton, enfatiza a eficiência dos projetos Embrapii para o desenvolvimento de novas tecnologias e a transferência de conhecimento para as empresas. Os especialistas apontam ainda alguns desafios, como a transferência de tecnologia para as empresas e a necessidade de estruturar melhor os processos e instrumentos para isso.
Os Polos Embrapii promovem a inovação e o desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes e sustentáveis, atendendo desde pequenos produtores e associações até empresas multinacionais. A Embrapii atua por meio da cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais e como alvo o compartilhamento de risco na fase pré-competitiva da inovação.
Planejamento para o Mel de Melato de Bracatinga
A apresentação da gestora do Projeto da IG do Mel de Melato da Bracatinga, Caroline Maciel da Costa, deu sequência ao evento nesta sexta (6). Contratada em 2022 pela Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina (FAASC) para gerenciar o projeto da IG, a zootecnista descreveu o planejamento estratégico desenvolvido para alavancar a IG.
Ela iniciou a fala apresentando o produto, que é um tipo único de mel produzido no Sul do Brasil, originário de uma relação simbiótica entre um inseto, a cochonilha, e a bracatinga, uma árvore nativa da Mata Atlântica. A cochonilha se alimenta da seiva da bracatinga, absorvendo os açúcares. O que ele não utiliza, excreta como uma substância adocicada, que é então coletada pelas abelhas.
Este processo confere ao mel de melato da bracatinga características como menor teor de açúcar e sabor peculiar, influenciado pela seiva da bracatinga. A produção deste mel ocorre apenas em anos pares, coincidindo com o ciclo de vida da cochonilha. A produção ocorre em 134 municípios no planalto sul brasileiro, abrangendo os estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Devido à sua singularidade e à sua área de produção delimitada, o mel de melato da bracatinga recebeu o reconhecimento e a proteção da Indicação Geográfica (IG) em 2021. A partir de então, a FAASC começou a estruturação de um projeto para IG, que teve foco inicial em conscientização dos produtores e compreensão do funcionamento da indicação.
"E em 2024, então, depois de diversas ações que a gente tinha feito, estruturando um pouco mais o projeto, a gente fez um planejamento estratégico para o ano de 2024, porque a gente viu que a gente tava repetindo algumas ações de 2022, e não estava avançando. Então, desenhamos esse planejamento estratégico”, contou.
O plano se estrutura em torno de cinco eixos: Viabilidade Econômica, que propõe ações para garantir a sustentabilidade financeira da IG; Parcerias Institucionais; Desenvolvimento de Materiais de Divulgação, como banners, vídeos, boletins e um manual; Fortalecimento da Gestão da FAASC, com aproximação a outras IGs; e Conselho Regulador e Grupo Técnico, que cuida de aperfeiçoar processos internos.
Com isso, foram definidas e executadas ações como compras coletivas de insumos para redução de custos, venda de produtos relacionados à IG para geração de renda para o projeto, fornecimento de mel para ações de divulgação e comercialização em eventos, dispersão de sementes entre várias outras.
Apresentação de trabalhos
O Encontro de Indicação Geográfica teve ainda a apresentação dos trabalhos do Eixo II, do edital Setec/MEC nº 03/2022. O eixo foi dedicado à estruturação de IGs, com ação coordenada de extensão, pesquisa e estímulo ao empreendedorismo e inovação. Com base em diagnóstico previamente realizado, os projetos buscaram executar as ações necessárias para o depósito do pedido de registro da IG junto ao INPI.
A apresentação foi liderada pela coordenadora dos projetos do Eixo II, a professora Andreia Cerizza, do IFSP. Ela apresentou vídeos com pessoas de todo o Brasil e chamou ao palco os participantes, que mostrando seus produtos que estão tendo as IGs estruturadas, como a Cebola de Ituporanga (SC); as Louças do Maruanum (AP); Jabuticaba de Casa Branca (SP); Mel de Capanema (PR); e Polvilho da Região do Cará (GO), entre outros.
Sobre o evento
O Encontro de Indicação Geográfica com a Rede Federal termina nesta sexta-feira (6) e acontece no Ifes – Campus Venda Nova do Imigrante. O evento reúne servidores, estudantes, representantes de cooperativas e associações e o público envolvido na temática, além dos coordenadores do Edital Setec/MEC nº 03/2022 de Desenvolvimento de Indicação Geográfica (IG). A programação está sendo transmitida ao vivo pelo canal do Ifes no YouTube: youtube.com/@ifesoficial.
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