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Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência: conheça a história de alguns alunos do Ifes

Publicado: Segunda, 18 de Setembro de 2017, 10h25 | Última atualização em Segunda, 18 de Setembro de 2017, 16h29

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Jornada pelo direito à Educação

guarapari leticia

Permanecer na escola foi uma verdadeira luta também na vida de Leticia Andrade da Silva, 21 anos. Hoje, ela cursa o 4º período de Administração, no Campus Guarapari. Mas, para chegar até lá, precisou até da intervenção de uma junta médica. Ela nasceu em Barra de São Francisco e tem Paralisia Cerebral Diplégica Espástica, condição que a leva a utilizar uma cadeira de rodas para se locomover.

Com 1 ano de idade, Leticia se mudou com a família para o município da Serra, onde começou uma dura jornada pela educação. A vivência escolar, antes de chegar ao Ifes, ela resume com duas palavras: “rejeição” e “preconceito”. “Todo início de ano era uma luta para continuar a estudar, com direito a mãe chorando e desmaiando para sua filha usufruir de um direito que é de todos. Houve instituições em que um conjunto de médicos teve que intervir exigindo minha permanência na escola, e outras onde o próprio conselho tutelar teve que intervir. Ou seja, frustrante”, relembra.

Leticia encontrou refúgio no esporte. Depois de 16 anos de fisioterapia, conheceu a natação, que praticou até os 20. “Evoluí bastante, sequer segurava o pescoço e hoje consigo até nadar sozinha. A natação me apresentou um mundo incrível, com ela ganhei várias medalhas, viajei e passei a não me abater tanto com o preconceito. Virou meu refúgio. O esporte tem dessas coisas, lhe aceita como você é. Só tem de achar uma maneira de se adaptar, não há certo ou errado”, pontua.

E foi pela natação o primeiro contato com o Ifes, numa competição esportiva no Campus Vitória. “Naquela competição pude ver a preocupação com acessibilidade, e a integração com diversidade.” Em 2015, ela fez o Enem e decidiu tentar a graduação em Administração, do Campus Guarapari. Ao ver seu nome na lista de aprovados, ela não acreditou. “Lembro que chorava e falava 'eu não mereço, deve estar errado'. E minha mãe dizia: 'parabéns filha, você merece sim, por tudo que já passamos, você é inteligente sim'”.

Com a aprovação, toda a família foi de mudança para Guarapari. “Minha chegada foi de muita felicidade, mas também grandes desafios. O campus está em um lugar pouco privilegiado quanto ao transporte. No primeiro ano, não tinha ônibus adaptado que fosse ao Ifes, nem o município queria ceder um transporte adaptado”, lembra.

Porém, o empenho da instituição para resolver os problemas fez com que ela permanecesse. “Tenho um amor enorme pela instituição, afinal é a primeira que me acolhe e está disposta a fazer de tudo para que eu permaneça. Tenho mesa ideal para a cadeira de rodas, banheiro adaptado, rampas por todo o campus, portas largas, enfim tudo que é necessário e possibilite minha independência no campus.”

E completa: “Acima de tudo, tenho companheirismo e amizade. Sempre que há alguma mudança, procuram por um feedback seja positivo ou negativo a fim de realizar melhorias para mim. Em meio à dificuldade de locomoção encontro apoio da instituição como um todo. Essa atenção, carinho, não é tratar como bebê, é respeito, empatia, isso faz bem, faz crescer”.

Para o futuro, ela tem muitos planos. Cogita se preparar para um concurso público, pensa em caminhos para conciliar a vida profissional com o esporte e planeja fazer vários outros cursos – da graduação ao doutorado. Os maiores sonhos, no entanto, são possibilitar aos seus pais uma vida melhor e trabalhar para a inclusão de fato.

“Embora pareça clichê, quero ser melhor pra mim e pros outros. Para isso, sei que devo estudar mais. Estar à frente ou ser parte de algo que vise à inclusão interativa e não segregada pode ser um tanto ilusório, mas saber que é possível e que posso ser parte da mudança que desejo se buscar isso por meio de estudo e trabalho me deixa feliz”, afirma.

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