Estudantes do campus Cariacica contam sua experiências em países como Espanha e Coréia do Sul
Para Naiana Moraes do Nascimento , o programa possibilitou realizar o desejo de fazer intercâmbio em outro país para crescimento pessoal e acadêmico.
Naiana Moraes do Nascimento e Anderson Sérgio de Barros são alunos do curso de Engenharia de Produção do campus Cariacica e também foram selecionados pelo programa Ciência sem Fronteiras. Naiana foi selecionada para a Universidade de Cádiz, na Espanha. Anderson foi ainda mais longe: ele vive atualmente em Seul, na Coréia do Sul, e estuda na Korea University.
Para Naiana, o programa possibilitou realizar o desejo de fazer intercâmbio em outro país para crescimento pessoal e acadêmico. “Tudo começou quando eu me dei conta de que estava me formando sem ter tido uma das melhores experiências da vida de um estudante: o intercâmbio. Em todas as dinâmicas de grupo e entrevistas de estágio que eu estava participando, sentia falta de poder dizer com orgulho de que eu havia feito um intercâmbio. Então passei a correr atrás dessa oportunidade: busquei em empresas de intercâmbio, mas o custo seria muito alto. Então, pouco a pouco, fui me desanimando. Até que um professor me incentivou a me inscrever no programa Ciência sem Fronteiras.”
Como não havia tempo para fazer os testes de proeficiência em inglês antes do encerramento das inscrições, a estudante optou pela Espanha. E, no final, garante que foi uma ótima escolha, pois, além do conhecimento em inglês, está aprendendo uma terceira língua: o espanhol.
Naiana conta que não estava confiante em conseguir a bolsa. “Sempre via pessoas com rendimento muito mais alto do que o meu comentando que também haviam se inscrito. Por isso, receber a notícia de que eu havia sido selecionada foi uma sensação muito gratificante. “
Além de poder fazer intercâmbio em outro país, aprender uma nova língua, conhecer novas culturas e ainda continuar estudando Engenharia em uma universidade da Espanha são os benefícios da experiência listados pela estudante. “Essa é uma das melhores partes. E ao chegar à minha cidade na Espanha, Cádiz, eu percebi que eu realmente poderia realizar isso”, destaca.
Anderson optou pela Korea University, que fica em Seul, capital da Coréia do Sul. Ele conta que a instituição recebe aproximadamente mil estudantes de intercâmbio a cada semestre, que são recebidos pela Korea University Buddy Assitants (KUBA), organização que recepciona os alunos estrangeiros.
“Existe um buddy coreano pra cada três ou quatro estrangeiros. Este buddy ira ajudá-lo em todas as situações que precisar na Coreia, buscá-lo no aeroporto, ir ao hospital em caso de acidente, te convidar pra almoçar de vez em quando, te ajudar a organizar uma viagem, te ensinar a usar alguma estrutura da universidade, te ensinar onde comprar determinados produtos por um preço melhor por exemplo. O KUBA periodicamente organiza eventos pra promover a integração entre os estudantes de intercâmbio, feira de apresentação dos países, jogos estudantis, acampamento ou até mesmo um piquenique no campus. Um capítulo a parte é abrir conta no banco e assinar um plano de celular, porque todos os contratos estão escritos em coreano e nesta hora a ajuda do buddy vem bem a calhar”, afirma.
O estudante está se acostumando à cultura do país, como a língua, a alimentação e o comportamento dos sul coreanos. Ele ressalta que o comportamento coreano possui várias características do Confucionismo. “Os coreanos são muito educados e honestos, existe uma regra social sobre como se comportar em relação a pessoas mais idosas ou hierarquicamente superiores. Não pensem que isto transforma os coreanos em pessoas caretas: principalmente os mais jovens, entre 20 e 25 anos, têm um estilo de se vestir bem extravagante e colorido”.
A alimentação coreana é bem diferente da brasileira, de acordo com Anderson. “Há muitos pratos apimentados, muitos vegetais, sopa e alguns pratos têm uma aparência muito estranha”, conta. Ele disse ainda que, em restaurantes tradicionais, é preciso tirar os sapatos para entrar e se come sentado em pequenos tapetes no chão. “Durante a refeição, as pessoas mais jovens não devem terminar de comer nem muito antes e nem muito depois do mais velho. Devemos sincronizar nosso ritmo ao mais idoso da mesa. Esse é só um exemplo da influência do Confucionismo sobre o comportamento coreano”, destaca.
Quanto à língua, Anderson afirma que é bem difícil de aprender. “O alfabeto é simples, mas por ser tão diferente do nosso alfabeto romano, leva certo tempo pra acostumar. Em resumo, a minha grande dificuldade está sendo incrementar meu vocabulário coreano e, para isso, estou selecionando alguns recursos tais como softwares específicos pra exercitar a memória e aqueles livrinhos de anotação. As palavras que devemos usar quando conversamos com alguém mais velho ou de hierarquia mais alta são diferentes das que usamos para conversar com alguém mais novo. Alguns colegas já desistiram das aulas de coreano, mas eu não abro mão dessa oportunidade de aprender um idioma tão diferente do nosso”.
Sobre as aulas, Anderson destaca que todos os professores já tiveram uma experiência de pós-graduação internacional e alguns já lecionaram em universidades de outros países. “Cerca de 40% das matérias da Korea University são lecionadas em inglês e os alunos coreanos tem que cumprir uma cota mínima de disciplinas estudadas neste idioma”.
Anderson conta ainda que a comunidade brasileira na Coréia do Sul é pequena, com menos de mil membros em todo país, e são cerca de 80 estudantes brasileiros realizando intercâmbio no país. E ele já tem expectativas profissionais para o período que permanecerá na Coréia do Sul. “A embaixada brasileira já afirmou que todos participarão de estágio no período de férias. Já estamos nos candidatando às vagas em empresas como Hyundai, Samsung, Hanwha, Posco dentre outras. Várias empresas mencionaram que a avaliação obtida no estágio será encaminhada juntamente com nosso perfil profissional para uma filial brasileira e as empresas estão interessadas em que profissionais com experiência em Seul integrem seu quadro de funcionários no Brasil”.
Confira, na próxima semana, mais uma notícia sobre a experiência que o programa Ciência sem Fronteiras tem proporcionado aos alunos do Ifes.
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