Alunos mostram talentos e conhecimento na III Noite Cultural do campus Aracruz
Eles expuseram fotos e cordéis, exibiram vídeos e fizeram apresentações de música, teatro e poesia para plateia lotada no Sesc Aracruz.
Os alunos do campus Aracruz do Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes mostraram seus talentos artísticos para uma plateia lotada no Sesc Aracruz, durante a III Noite Cultural do campus, realizada em 20 de novembro. Na data que marca o Dia da Consciência Negra, as manifestações artísticas e culturais tiveram como temática “Africanidades: formação da cultura brasileira e relações étnicas contemporâneas”.
Os trabalhos mostrados na noite foram resultado de um processo iniciado no começo do ano letivo. Segundo explicou a psicóloga do campus, Carla Igreja Rosseto, a proposta foi que os professores de várias disciplinas trabalhassem o tema em sala ao longo do ano. Além disso, os alunos participaram de diferentes oficinas: fotografia e literatura de cordel, para alunos do 1º ano dos cursos técnicos integrados; teatro, para os de 2º ano; música, para aqueles do 3º ano; e animação, para o 4º ano. Eles ainda tiveram contato com danças e capoeira.
“Os alunos abraçaram a ideia, participaram mesmo. Hoje é o trabalho deles que está aqui”, comemorou Carla, que considera que a equipe do campus se empenhou para dar a oportunidade dessa vivência cultural aos estudantes.
No Sesc Aracruz, alunos e suas famílias e amigos puderam ver, por exemplo, uma exposição com fotografias produzidas durante visita a uma comunidade quilombola. Também foi feito um varal com literatura de cordel de autoria dos estudantes, em oficina com o poeta, escritor e compositor Teodorico Boa Morte. Ele é autor do livro “Insurreição do Queimado em Poesia de Cordel” e incentivou os alunos a escreverem sobre “Resistência Negra”.
No palco, a Banda de Congo São Benedito do Rosário, do distrito de Vila do Riacho, em Aracruz, abriu o evento. Estudantes também declamaram poesias e cordéis. Além disso, fizeram apresentação teatral relatando a história dos negros no Brasil e cantaram canções sobre o tema. O público ainda assistiu aos vídeos produzidos pelos alunos do 4º ano nas oficinas.
“No nosso vídeo, quisemos mostrar a influência da cultura africana em todos os continentes. Ele teve uma aceitação muito boa aqui hoje. A experiência e a interação entre os colegas foi muito legal. O trabalho nos levou a socializar e a refletir”, comentou Thaís Ferreira Brito, do 4º ano do curso Técnico em Química Integrado.
A aluna Camila Loyola Verneque, do 2º ano do Técnico em Química Integrado, conta que descobriu novas possibilidades com as aulas de teatro. “A gente aprendeu a interpretar. Eu adorei, quero participar de peça de teatro de novo no ano que bem. E também saber falar bem ajuda em outras coisas, no mercado de trabalho, por exemplo, ou na hora de apresentar uma tese de doutorado, quem sabe?”, analisou.
Depois das apresentações dos alunos, o Coral da Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes, sob a regência do maestro Cláudio Modesto, subiu ao palco para uma performance do musical “Negro Spirituals”. Eles cantaram músicas criadas pelos negros norte-americanos, falando da libertação da escravidão e de cunho religioso.
O diretor do campus Aracruz, Hermes Vazzoler Júnior, considerou a III Noite Cultural um sucesso. “Os professores estimularam muito os alunos para que eles construíssem um evento a partir da ótica deles, não veio nada pronto. Esse é um momento dos alunos e dos servidores e professores que estão dando o apoio.
Aqui a gente vê a integração de todas as áreas do campus”, destacou.
Para o professor de História Tiago Camilo, foi um momento de aprendizado tanto tem termos de sensibilidade quanto de política. “Para a gente é uma realização ver o aluno aplicar o conhecimento, se relacionar, aprender a ser mais tolerante”, disse.
Helder Januário, professor de Geografia, considerou o tema de extrema relevância. “É importante ainda mais no Espírito Santo, com altos índices de extermínio da população jovem negra. Trazer esse tema foi um acerto. Vejo que a educação vai além da sala de aula, do conteúdo ‘duro’. Uma experiência como a que tivemos ao longo do ano e agora traz mais significado e sentidos para a vida do aluno. O conhecimento não é só formal”, pontuou.
Redes Sociais