Professor de Colatina propõe programa institucional com ações para todas as bacias hidrográficas do Estado
O Programa Águas do Espírito Santo tem intenção de envolver todos os campi do Instituto, de forma multidisciplinar.
O professor Abrahão Alexandre Alden Elesbon, do Campus Colatina, apresentou nesta sexta-feira (13) uma proposta de programa de extensão institucional para reunir ações de preservação e recuperação de todas as bacias hidrográficas do Estado. A iniciativa foi batizada de Programa Águas do Espírito Santo e tem a intenção de envolver todos os campi do Ifes, conforme explicou o professor durante a reunião da Câmara de Extensão do Instituto.
A ideia surgiu depois do projeto Diagnóstico Científico do Rio Doce, realizado no ano passado em parceria com a TV Gazeta, Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental, Cesan, Associação de Pescadores de Colatina (Apesc) e Ello Ambiental Consultoria. O professor fez parte da equipe de coordenação técnica, que contou também com outros quatro servidores do Campus Colatina: Josiana Laporti, Leonardo Ribeiro da Costa, Marco Antonio de Carvalho e Thiago Saquetto.
Ao constatar a degradação na Bacia do Rio Doce e pensar em propostas de ações para sua recuperação, a equipe se deu conta de que as soluções poderiam servir para todas as bacias hidrográficas capixabas. “O Campus Colatina não conseguiria trabalhar numa dimensão tão grande. Por isso, pensamos um programa para ser de todos os campi. O Ifes está em 20 localidades, podemos abranger todas as regiões hidrográficas do Estado”, destacou.
O Águas do Espírito Santo pretende abraçar projetos que já existem de forma isolada nos campi, propostas oriundas do Diagnóstico e novas ideias que os servidores sugerirem. “O programa já nasce com um portfólio formidável para ser apresentado para a captação de recursos”, apontou. Para ele, existe a oportunidade de trabalhar todas as disciplinas, “da informática à Língua Portuguesa”, nas ações. “Estamos passando pelo pior momento hídrico que já vimos na Região Sudeste, mas esta crise pode ser encarada como uma oportunidade.”
Abrahão lembrou que há uma grande visibilidade estadual devido ao Diagnóstico Científico do Rio Doce e que já existem parcerias institucionais concretas com as entidades envolvidas nessa primeira iniciativa. Como parcerias possíveis e em andamento, ele elencou os comitês gestores de bacias hidrográficas, agências relacionadas ao tema, prefeituras municipais, associações de produtores e organizações da sociedade civil.
Na sua opinião, podem ser criadas ações para as bacias do Itaúnas, São Mateus, Doce, Riacho, Jucu, Santa Maria da Vitória, Benevente, Itapemirim e Itabapoana. Com uma sinalização positiva pela Câmara de Extensão, o professor seguirá para a formatação do programa, recolhendo sugestões dos campi e fazendo o levantamento de ações já existentes por meio de visitas e reuniões. Sua expectativa é ter uma proposta consolidada até o final deste ano. Os interessados podem entrar em contato com ele pelo e-mail abrahao@ifes.edu.br.
Para o diretor de Relações Empresariais e Comunitárias do Ifes, Clayton Peronico de Almeida, a atuação em rede e em diversas áreas do conhecimento são grandes diferenciais que podem ser trabalhados pelo Instituto. “A atuação nesse modelo é um ganho para a compreensão mais holística das bacias hidrográficas, que é o que a gente precisa. O Instituto está abraçando essa ideia de forma muito pioneira, transformando a ideia com a nossa concepção de pesquisa aplicada e extensão tecnológica”, apontou.
Diagnóstico do Rio Doce
O projeto de Diagnóstico do Rio Doce foi desenvolvido ao longo de cinco meses, com início em março de 2014. Uma expedição, mostrada pela TV Gazeta, foi o evento principal. De 5 a 11 de outubro do ano passado, os pesquisadores do Ifes e parceiros da iniciativa navegaram pela porção capixaba do rio coletando amostras e fazendo registros para análise dos recursos hídricos, solo, fauna, flora e condições socioeconômicas das regiões visitadas.
Constatou-se que o nível de degradação da bacia é muito alto, e o mau uso do solo nas áreas rurais e urbanas acarretam a maioria dos impactos ambientais e socioeconômicos. O saneamento básico, por exemplo, não existe em quase nenhum dos municípios integrantes da bacia do Rio Doce, contou o professor Abrahão. Por outro lado, “a região visitada tem um potencial turístico e ecológico riquíssimo, que deve ser desenvolvido”, apontou.
Os resultados foram apresentados na TV e no jornal A Gazeta. Na última quarta-feira (11), o professor participou ainda do fórum SOS Rio Doce, realizado no auditório da Rede Gazeta, em Vitória. O evento contou com a presença do renomado fotógrafo Sebastião Salgado, que preside o Instituto Terra, junto com sua esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado. O instituto, localizado na cidade mineira de Aimorés, foi o ponto de partida da expedição.
Um primeiro lote de DVDs mostrando os dias que a equipe passou percorrendo o Rio Doce será entregue nesta sexta-feira para a Secretaria Municipal de Educação de Linhares, para que possam ser exibidos para os estudantes. Além disso, um livro contando os resultados de todo o trabalho está em fase de produção.
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