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Cultura no Ifes: atividades musicais promovem benefícios que vão além das apresentações

Publicado: Segunda, 29 de Julho de 2019, 09h57 | Última atualização em Sexta, 02 de Agosto de 2019, 12h10

Desenvolvimento dos estudantes extrapola as aptidões musicais e são aplicadas no aprendizado de outras disciplinas. Confira corais e eventos que ganharam notoriedade nos campi da Instituição.

coral linhares 3

A música está presente na vida de todas as pessoas nas mais diversas épocas, culturas e sociedades. Música faz bem e não tem quem não goste! E porque não levá-la ao ambiente de ensino-aprendizagem? Atividades musicais aguçam a sensibilidade, instigam a criatividade e aumentam a integração entre os estudantes, por exemplo. Mas os benefícios não param por aí.

Especialistas defendem que qualquer experiência musical promove maior habilidade de observação, localização, compreensão e interpretação, que extrapolam as aptidões musicais e são aplicadas no aprendizado de outras disciplinas. No Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) existem diversas iniciativas que utilizam essa ferramenta para promover uma formação completa e humana.

Esta reportagem foca, principalmente, nos corais e eventos que ganharam notoriedade nos campi da Instituição. No Campus Nova Venécia, por exemplo, a música faz parte do dia a dia da comunidade acadêmica e entendida como fundamental para o desenvolvimento dos estudantes. “A música é uma manifestação artística inerente ao ser humano. Não estar presente seria tão grave quanto a falta de qualquer disciplina”, defendeu o professor de Artes, Ademir Adeodato.

Combate a evasão
O professor também destacou a música como essencial para o combate a evasão no campus. “Um dos fatores que causam a evasão é o sentimento de falta de pertencimento, que pode acontecer, por exemplo, por condições financeiras diferentes. Quando a pessoa entra em projetos como esse, ela se torna protagonista, ganha visibilidade, aceitação, admiração. Ela se sente parte importante naquele grupo”, afirmou.

O campus realiza mostras musicais, festivais, oficinas, cursos e atividades como o “Recreio Cultural” e o “Som Livre”. No Recreio Cultural, o campus publica um edital simples em que qualquer estudante pode se inscrever. Depois da seleção acontecem ensaios para apresentações que serão realizadas durante o recreio. Já no Som Livre, alguns instrumentos são deixados em pontos do campus, e os estudantes podem utilizá-los em momentos de aula vaga, recreio, no contraturno.

O estudante Maxwell de Moura Bernardo, do curso Técnico em Mineração, contou que desde que entrou no campus participa de eventos musicais. “Antes de me envolver com a música quase não conversava com ninguém e quase ninguém me conhecia. Mas depois dos projetos, dos recreios culturais, aberturas de eventos e tudo mais, eu me senti mais desenvolto, mais sociável. A música representa, para mim, mudança e conquista. Devo muito do que eu sou hoje à música”, afirmou.

Possibilidade de profissionalização
No Campus Colatina, o expoente fica por conta do Festival de Música, que acontece desde 2013, com apresentações de composições inéditas. O evento conta com a participação de estudantes de todo o Ifes e jurados de todo o Estado. Além disso, é realizado em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e com a Biblioteca Nacional, para registro e certificação das músicas vencedoras.

Em média, recebe de 24 a 32 músicas por edição e reúne o público de mais de 600 pessoas. A realização precisou ser interrompida no último ano, em função de adequações estruturais no auditório do campus e, mais recentemente, do contingenciamento orçamentário. A expectativa é que o evento retorne em 2020.

Como resultados positivos, a professora Lilia Lourete, que é coordenadora do Núcleo de Arte e Cultura (NAC) do campus, destaca a possibilidade de profissionalização dos estudantes. “Os três primeiros lugares têm os direitos autorais de suas canções garantidos. Então, com essa valorização, é mais uma porta que se abre, que eles podem lançar mão em qualquer momento da vida. Ainda queremos proporcionar a eles a gravação dessas músicas, é um sonho para o futuro”, comentou.

Poesia e Inclusão
O Coral de Libras do Campus Itapina é um dos projetos mais conhecidos na instituição. Desenvolvido desde 2008, já fez apresentações em diversos campi da instituição promovendo a difusão da Língua Brasileira de Sinais. Atualmente é formado apenas por servidores, todos ouvintes. Mas o projeto traz benefícios para todos.

“A música, obviamente, não faz parte da vivência da pessoa surda. Mas possui uma linguagem poética que podemos desconstruir e reconstruir para que seja acessível a todas as pessoas. Com participantes do coral, que são ouvintes, podemos trabalhar construindo as sinalizações, mudando sinais, com estratégias visuais, vocativos, verbos…”, destacou a regente e professora de Libras do campus, professora Carla Rejane Caetano.

Carla destacou também outro ponto positivo do projeto para o campus. “Esses servidores perdem a inibição para conversar com os estudantes surdos. Mesmo que não saibam plenamente a Língua de Sinais, eles se sentem mais autônomos e tentam resolver antes de chamar o intérprete. Eles também sentem mais vontade de aprender para se comunicarem completamente”, complementou.

A servidora Djalse Teresinha Linhales, que participa do Coral de Libras desde a criação contou que ter a experiência é enriquecedora. “É muito bom participar de um projeto de inclusão, além de aprendermos a língua, ajudamos a difundi-la. Em muitos lugares que fomos as pessoas nem sabiam que existia”, contou.

Combate ao estresse
No Campus Linhares, o Coral Cores é formado por um público bastante diverso, com pessoas de diferentes idades, incluindo servidores, estudantes do Ensino Médio ou Superior e membros da comunidade. “Além de possibilitar a integração entre as pessoas, temos relatos de que a participação no coral traz como benefícios o alívio da rotina, principalmente nos finais do semestre. Todos compartilhamos a opinião de um projeto como o coral pode ser benéfico para aliviar o estresse do trabalho e estudo. Acreditamos que uma melhor qualidade de vida na escola implica um melhor rendimento acadêmico”, afirmou a regente Netalianne Heringer.

Alice da Silva Gama, estudante do curso de Automação Industrial, utiliza a música como forma de expressão. “Participo do coral para me descontrair, me divertir. Como a rotina no Ifes é cansativa, o coral acaba sendo uma descontração das preocupações diárias, pois posso praticar aquilo que amo fazer, cantar, além de me divertir conhecendo pessoas incríveis que eu provavelmente não conheceria. O coral também mudou muito a forma que eu vejo ou faço as coisas, sempre tentando dar o melhor de mim naquilo que faço e tratar com respeito as pessoas a minha volta”, contou a estudante.

Veja abaixo os principais corais e eventos na área musical em todo o Ifes:

Campus Cachoeiro de Itapemirim
Evento "Prosa, poesia e café" – Este ano o campus recebeu o compositor, músico e escritor, Gilberto Garcia, que atua na Casa de Cultura Roberto Carlos.

Campus Colatina
Festival de Música – Acontece em paralelo à Semana de Arte e Cultura, envolvendo toda comunidade acadêmica do próprio campus e de outras unidades do Ifes (alunos, ex-alunos, servidores, estagiários, etc.).

Campus Itapina
Festival de Música do Campus Itapina (FestLuau) – Reúne apresentações musicais de estudantes do campus nas categorias autoral e não autoral. As melhores apresentações são premiadas. Evento aberto ao público.

Coral de Libras – Faz parte das ações do Napne do campus desde 2008. Os principais objetivos são promover o contato com a língua de sinais e difundi-la. O grupo já se apresentou em diversos campi do Ifes e também em locais variados. Conta com um número médio de 10 a 15 participantes, e é aberto a alunos, servidores efetivos e terceiros, além da comunidade local.

Campus Linhares
Coral Cores – Tem como objetivo promover atividades culturais que impactem, surpreendam e desenvolvam esteticamente e intelectualmente a comunidade e o campus. Os ensaios se iniciaram em agosto de 2018.

Campus Montanha
Coral Jovem “Harmony” – Os encontros acontecem quinzenalmente e os estudantes são instruídos em práticas de aquecimento, técnica vocal e ensaio do repertório.

Campus Nova Venécia
Festival da Canção Estudantil: Cantos de Venécia – acontecerá este ano em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de Nova Venécia. Será um evento com apresentações de composições autorais, feitas por alunos do Ifes de Nova Venécia e das demais escolas do município.

Recreio Cultural – apresentações musicais no recreio ao longo do ano. A seleção acontece por meio de edital.

Som Livre – alguns instrumentos são deixados em pontos do campus, e os estudantes podem utiliza-los em momentos de aula vaga, recreio, no contraturno.

Campus Piúma
Oficina de teclado – atividade voltada a iniciantes e pessoas sem conhecimentos em música. Aberta à comunidade e gratuita. A idade mínima é a partir de 8 anos, é preciso ser alfabetizado e trazer instrumento próprio.

Campus Serra
Coral Musicante – projeto tem com objetivo principal oferecer aos estudantes do campus interação, aprendizagem e aprofundamento sobre música por meio da atividade de canto coral.

Campus São Mateus
Música e Educação Especial – o objetivo é complementar o processo de inclusão por meio de um curso de música para alunos com necessidades educacionais específicas. São utilizados instrumentos musicais tradicionais e celular, tablet, computador.

Campus Venda Nova do Imigrante
Ifestival da canção – É um concurso de músicas autorais que tem por objetivo promover a música e divulgar novos talentos do município de Venda Nova do Imigrante e região (Conceição do Castelo, Brejetuba, Afonso Cláudio, Castelo, Vargem Alta, Domingos Martins, Marechal Floriano, Laranja da Terra, Muniz Freire).

Campus Vila Velha
Coral Heraldo Filho – tem como objetivo levar os participantes a desenvolverem habilidades técnicas de expressão vocal e corporal aplicadas ao canto, bem como oportunizar a vivência musical e a aquisição de um repertório diversificado, de modo a ampliar a percepção da cultura brasileira. Teve início em março de 2016 e conta com estudantes, servidores e comunidade. Ao todo são 30 coristas. O coral já realizou diversas apresentações em eventos internos e externos. O repertório executado é variado com músicas folclóricas, sacras, MPB, pop, dentre outros estilos.

Quinzena Musical – terá início no próximo mês com o objetivo de oportunizar momentos musicais, quinzenalmente, para o desenvolvimento da sensibilidade e da criatividade no campus.

Campus Vitória
Coral Maria Penedo – fundado em 1948, é composto por estudantes e realiza apresentações em encontros de corais dentro e fora do Estado do Espírito Santo.

Coral Camerata – é composto por 55 integrantes, sendo a maior parte servidores, alunos e ex-alunos do Ifes. Em suas apresentações, o repertório é bastante variado, indo do erudito ao contemporâneo: óperas românticas encenadas e barrocas, música folclórica, sacra, popular brasileira.

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Assunto(s): cultura , música , coral
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