Pesquisadores do Ifes investigam como altitude e posição do fruto no pé influenciam no sabor do café do Caparaó
Grupo de Alegre estuda fatores que levam o café arábica da região a ter características únicas.
Conhecer em detalhes fatores que tornam o café do Caparaó mais que especial. Esse é o objetivo do projeto “Análise física e sensorial de café arábica em frutos de diferentes altitudes e partes da planta”, desenvolvido por um grupo de pesquisadores do Campus de Alegre, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). O trabalho teve início neste segundo semestre de 2019 e vai analisar as características físicas e sensoriais de grãos de arábica colhidos em duas faixas distintas de altitude, de partes diferentes do pé.
O coordenador do projeto, João Batista Esteves Peluzio, explica que a iniciativa se soma a outras pesquisas que vêm sendo desenvolvidas no sentido de trazer mais elementos para a indicação geográfica (IG) do café do Caparaó. Há vários anos, o Ifes vem trabalhando em parceria com os cafeicultores e com outras instituições para conseguir esse registro junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A indicação geográfica tem o objetivo de valorizar o produto e torná-lo conhecido no Brasil e no mundo por suas características únicas, atreladas à região e às condições em que é produzido.
Além disso, o grupo de pesquisadores de Alegre enfatiza que conhecer os fatores e processos envolvidos no cultivo e processamento do café permite que eles sejam replicados, o que é uma condição essencial na preservação dos mercados já alcançados e na abertura de novos, com garantia de fornecimento regular. Segundo Peluzio, já existem indícios, apontados por estudos variados, de que tanto a posição do fruto na planta quanto a altitude influenciam nas características dos grãos e dos cafés produzidos a partir deles. Agora, isso será mapeado para a região do Caparaó.
Conforme explicou o professor, a colheita das primeiras amostras para o estudo foi feita no final de julho. Foram colhidos frutos da metade inferior e da metade superior de plantas localizadas numa faixa de altitude entre 800 metros e 1.000 metros. Posteriormente, a colheita será feita em cafezais situados em altitude de 1.000 metros a 1.200 metros. “Temos cafés que amadurecem em tempos diferentes. Numa altitude menor, amadurecem antes. Na altitude maior, só colheremos em outubro”, detalhou.
Todos os frutos estão sendo colhidos no ponto de maturação máxima, e o processamento segue modelo similar ao desenvolvido nas propriedades parceiras da pesquisa – dos cafeicultores Antônio Cezar Júnior e Jueselito do Amaral. Ambas se localizam na Região do Caparaó, na divisa entre Espírito Santo e Minas Gerais. Após o processamento, os frutos serão classificados fisicamente, selecionados, torrados e analisados sensorialmente no Laboratório de Classificação e Degustação de Café do Campus de Alegre.
A equipe de pesquisadores é composta pelo coordenador, Peluzio; pelo estudante Alysson Fernandes Onofre da Silva, do curso de Tecnologia em Cafeicultura; pelos professores Telma Machado de Oliveira Peluzio e João Batista Pavesi; e por técnicos da Caparaó Jr., empresa júnior do curso de Tecnologia em Cafeicultura. A previsão é de concluir o trabalho até o final deste ano.
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