Projeto do Campus Ibatiba estuda como acelerar o crescimento de árvores para recuperação de áreas de pastagem
Dados apontam que jacarandá pode crescer três vezes mais com as doses ideais de fertilizantes para ser usado em sistema misto de pasto e floresta.
A necessidade de recuperar áreas degradadas de pastagem no Sul do Estado foi o ponto de partida para um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Ifes – Campus Ibatiba, sob a coordenação do professor Carlos Henrique Rodrigues de Oliveira. Desde 2017, o professor e seu grupo vêm estudando como acelerar o crescimento de uma espécie de árvore nativa da Mata Atlântica para que possa ser plantada em pastos de maneira a beneficiar tanto o meio ambiente quanto a criação de animais.
Carlos Henrique explica que mesclar árvores com pastagem, em um sistema designado como silvipastoril, tem diversas vantagens. “Elas dão sombra e proporcionam conforto térmico ao animal, aumentando a produção de leite e de carne. Além disso, melhoram a qualidade da pastagem e, no caso do jacarandá-da-Bahia, que a gente estuda, aumentam a fixação de nitrogênio, o que deixa o solo mais rico”, pontua.
O nome do estudo coordenado por ele é “Crescimento de jacarandá-da-Bahia em sistema silvipastoril, em resposta a adubação fosfatada e nitrogenada e submetido a diferentes métodos de plantio com polímero hidrorretentor (gel)”. O trabalho faz parte de um grupo de projetos de pesquisa desenvolvidos pela Rede de Pesquisa Árvores Bionativas da Floresta Atlântica, da qual são membros, além do Ifes, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a Universidade Vila Velha (UVV) e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
“No geral, não se tem muito conhecimento de como plantar espécies florestais nativas, já que se cultiva mais o eucalipto ou o pinus”, explicou o professor, que enfatizou que ampliar esse conhecimento é o objetivo de todos os estudos da Rede.
No trabalho com o jacarandá-da-Bahia, os pesquisadores buscaram as doses ideais de adubação com fósforo e nitrogênio, além de verificar a eficiência do gel, no cultivo dessa árvore, de forma a acelerar o seu crescimento e oferecer um retorno ambiental e econômico mais rápido. “Se adubar demais, diminui o crescimento, como vimos no projeto. Estamos na fase de processamento estatístico, perto de encontrar as doses ideais de nitrogênio e fósforo”, adiantou.
Com a quantidade certa de adubação, as árvores chegaram a quase 8 metros em dois anos, segundo o professor, o que seria um porte suficiente para já colocar os animais na área de pastagem. Enquanto isso, árvores não adubadas ou incorretamente adubadas chegaram a apenas 2 metros no mesmo período.
O professor também afirmou que, até o momento, os dados não apontaram vantagens na utilização do gel no plantio do jacarandá. O gel absorve a água e tem a proposta de reter mais nutrientes da adubação na raiz da planta. Entretanto, os primeiros resultados apontam que somente com a irrigação inicial é possível obter o resultado esperado.
A pesquisa deve ser encerrada até o final deste ano, e foi desenvolvida na Fazenda Experimental do Incaper em Pacotuba, distrito de Cachoeiro de Itapemirim. Participaram 16 alunos do Ifes dos cursos de Engenharia Ambiental e Técnico em Florestas, além de três de Engenharia Florestal da Ufes. Ao final dos trabalhos, a ideia é escrever um livro para divulgação e informação dos produtores rurais.
Os outros projetos da Rede Árvores Bionativas da Floresta Atlântica são:
- “Investigação do potencial das espécies arbóreas do Sul-Caparaó do ES para o desenvolvimento de boas práticas agrícolas em sistemas silvipastoris”, desenvolvida por Maurício Lima Dan (Incaper/Cachoeiro)
- “Diversidade arbórea com potencial de produção de óleo essencial como alternativa de geração de renda via produtos florestais não madeireiros em áreas de sistemas silvipastoril”, desenvolvida por Marcio Fronza (UVV/Vila Velha)
- “Propagação assexuada de espécies arbóreas nativas da Floresta Atlântica”, desenvolvida por Elzimar de Oliveira Gonçalves (Ufes/Alegre)
- “Morfogênese in vitro de explantes juvenis e adultos de braúna (Melanoxylon brauna) e jacarandá-caviúna (Dalbergia nigra), espécies da Floresta Atlântica”, desenvolvida por Marcos Vinicius Winckler Caldeira (Ufes/Alegre)
Área utilizada na pesquisa sobre o jacarandá, em Cachoeiro.
Reunião dos pesquisadores da Rede Árvores Bionativas da Floresta Atlântica, no Campus Ibatiba.
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