Encontro de Gestão de Pessoas aborda vários aspectos da gestão do tempo
Palestra da filósofa Viviane Mosé fez parte da programação e trouxe “Reflexões sobre o tempo no contexto de trabalho e vida pessoal”.
Servidores da área de Gestão de Pessoas, de diversos campi do Ifes, estiveram reunidos no Campus de Alegre para o Encontro de Gestão de Pessoas, que foi realizado nos dias 24 e 25 de novembro. A proposta do evento foi falar sobre a Gestão do Tempo a partir de várias abordagens, além de explorar técnicas para lidar com as demandas do trabalho e da vida pessoal.
A abertura foi feita com a fala do reitor do Ifes, Jadir Pela, que participou por meio de webconferência e desejou a todos um momento proveitoso de trocas. “Precisamos de muito trabalho e também de nos aproximar, de nos olharmos e fazer uma boa gestão de pessoas. É importante fazer essas reflexões.”
O servidor Fabrício Ramos dos Santos, que é coordenador-geral do Fórum de Gestão de Pessoas, fez os agradecimentos aos servidores envolvidos na realização do Encontro, pontuando as diversas dificuldades que tiveram que ser superadas. O diretor de Gestão de Pessoas do Ifes, Pablo Augusto Panêtto de Morais, também agradeceu à equipe que “em momento nenhum desistiu de fazer mesmo diante de dificuldades”.
Pablo introduziu também o tema do “tempo”, lembrando que convivemos com vários tempos: existem as datas de comemoração e de luta, os prazos legais, o tempo de respeito à dor de alguém, o tempo da saúde, a relatividade do tempo quando se faz algo prazeroso ou penoso. “Qual a característica do tempo em que estamos nos dedicando às atividades profissionais? Nesse tempo objetivo e subjetivo, como conseguimos levar a vida sem que ele nos prejudique? Como estamos preparados para lidar?”, questionou, reforçando que o Encontro de Gestão de Pessoas se propôs a trazer alternativas para pensar nessas questões.
A abertura teve ainda as boas-vindas do diretor-geral do Campus de Alegre, Rômulo Matos de Moraes, e da coordenadora-geral de Gestão de Pessoas do campus, Angela Maria do Amaral Abreu Carvalho.
Técnicas para lidar com o estresse
A programação do Encontro de Gestão de Pessoas começou com uma atividade conduzida pela biomédica e terapeuta Integrativa Juliana Dalbó, doutora em Biotecnologia em Saúde. Ela é especializada em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) e proporcionou aos presentes um momento de integração, relaxamento e aprendizado.
Juliana falou sobre gerenciar o tempo a partir do equilíbrio entre a mente e o corpo, respeitando os próprios limites e atendendo às necessidades fisiológicas. Ela falou sobre como a postura influencia o estado de ânimo ativando reações bioquímicas no corpo e mostrou formas de se posicionar que ativam o relaxamento e autoconfiança. A palestrante ensinou ainda técnicas de respiração, observação e automassagem para controle da ansiedade e do estresse.
Tempo, adoecimento e desafios contemporâneos
A filósofa Viviane Mosé, que também é poeta, psicanalista e especialista em políticas públicas, abordou a relação do tempo com a angústia, a ansiedade e a depressão. Ela falou sobre a grande mudança na relação que as pessoas têm com o tempo e de seus impactos. “A gente tinha um tempo sucessivo. Por exemplo, eu te ligava e tinha que esperar você dizer ‘alô’ para a gente conversar. Agora, o tempo é simultâneo. Numa rede social, todos falam o tempo todo. Tudo que é postado agora tem vida de agora e você tem que se responsabilizar por aquilo mesmo que tenha sido produzido há anos”, comentou.
Antes percebido como uma linha que ligava passado, presente e futuro, o tempo foi se “desintegrando”. “E qual a consequência dessa linha do tempo para nossa existência? É imensa. Bem como dessa desintegração.” Ela explicou que a linearidade, apesar de ter sido uma ferramenta importante, vem sendo cada vez mais descartada, inclusive pela física, na hora de tentar explicar a passagem do tempo.
“Hoje estamos falando em tempos circulares, que nós podemos viver tempos distintos. De fato, nós não sabemos o que é o tempo. Quanto tempo durou a pandemia? Dez anos? E se vc está atrasado, quanto tempo duram cinco minutos? E se você está esperando o amor da sua vida no aeroporto?” exemplificou.
“O tempo linear, o que passa no aniversário, isso não é real. Na biologia do corpo existe outro relógio. O que nos envelhece? O estresse, a impossibilidade de ir adiante. A vida é seguir em frente. E vida é sinônimo de tempo. Se acaba o tempo, acaba a vida. Ou seja, tempo é um fluxo sagrado.
Como a gente não tem como controlar, ele é o material que a gente tem que trabalhar. Pela psicanálise, o tempo é o nosso problema existencial”, assinalou.
Gerir o tempo de maneira autêntica e tomar posse do que se tem é o grande desafio. “Cada um de nós tem que construir uma relação própria com o tempo. Tome conta do seu tempo, conquiste, tanto para administrar quanto para ter posse do seu corpo e seguir a sua vida adiante.” Para Viviane Mosé, o desejo ou a impossibilidade de seguir em frente são as origens das diferenças psíquicas. “Ansiedade, depressão, angústia. No fim, estamos falando de tempo.”
Ela ainda contou sobre as mudanças que estão sendo estudadas nas jornadas de trabalho, de forma a proporcionar mais tempo livre para os trabalhadores, com quatro dias de trabalho e três de folga, semanais. “As empresas que deram folga e dinheiro e aumentaram a lucratividade”, contou, lembrando que essa foi uma reação ao alto número de demissões no pós-pandemia, em especial entre trabalhadores em postos de liderança e inovação.
Segundo Viviane, que também trabalha com análise e projeção de cenários, essa é ainda uma reação aos altos índices de depressão, inclusive entre crianças e adolescentes. A ideia é que as famílias possam compartilhar mais tempo juntas. Ela adiantou que os índices de depressão e suicídio entre os mais jovens são alarmantes e que deveriam ser estruturadas redes robustas de apoio. Além disso, defendeu um grande investimento em cultura e diversão.
“Neste momento o mundo todo deveria estar mais dedicado a se divertir do que trabalhar. Não me entenda errado, tem muito trabalho a ser feito. O que a gente precisa? De jovens para colocar a coisa no lugar”, citou, falando que os jovens precisam ser convidados à fruição da vida e contemplação do seu mistério. “O que estou falando é análise de cenário. Teríamos que ter um grande investimento na cultura para reunir as pessoas”, defendeu, inclusive em relação à educação. “A educação deveria se dedicar à cultura.”
Viviane Mosé deu ainda sugestões para melhorar a qualidade de vida. “Estabeleça um hábito de algo que te faz bem, algo que você faça todo dia. Não há nada errado em cumprir horários. Se você consegue estabelecer e cumprir, você leva a vida para onde quiser. Aprender a se limitar é acumular a nossa força. A vida é feita de limite e abertura, contenção e expansão.”
Workshop
No dia 25 de novembro, os servidores puderam participar do workshop “Gestão do Tempo”, ministrado pela servidora Zâmora Cristina, mestra em Psicologia Organizacional, e pela especialista em Lean Manufactoring Daiana Ribeiro, do Grupo Coutinho.
Veja fotos do Encontro de Gestão de Pessoas.
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