Campus Centro-Serrano compartilha estratégias para atender estudantes com necessidades específicas
Experiência com estudante surdo foi apresentada em evento.
Com aproximadamente 40 mil estudantes, o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) conta, hoje, com 500 alunos com necessidades específicas. E, para promover a sua inclusão e tornar o conteúdo dado em sala de aula acessível a esses estudantes, a instituição conta com o trabalho compartilhado de professores e Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne).
Nesse sentido, o Campus Centro-Serrano organizou um evento, no dia 26 de setembro, para apresentar metodologias e adaptações efetuadas para atender aos quatro estudantes com necessidades específicas atendidos pela unidade. Com a participação de servidores, estudantes e comunidade externa, foram apresentadas as experiências realizadas no campus e as ações executadas pelo Napne.
Num primeiro momento, os professores Gheila Baptestini e Anderson William Dominghetti, ambos do curso Técnico em Agricultura, apresentaram as adequações feitas nas avaliações e as metodologias de ensino em sala e em aula de campo para atender aos alunos surdos em suas especificidades linguísticas. Eles apresentaram as estratégias adotadas e destacaram a importância da inclusão e da acessibilidade no ambiente educacional.
Depois, foi a vez do o estudante surdo Alan de Amorim, do 3º ano do Técnico integrado em Agricultura, que apresentou a releitura do clássico "O Pequeno Príncipe", intitulada "O Príncipe Amorim". A obra foi escrita pelo próprio aluno, que está em processo de alfabetização na língua portuguesa.
Alan se comunicava por sinais mas não tinha conhecimento aprofundado de Libras, conforme conta a intérprete de Libras e coordenadora do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne) do campus, Erivania do Nascimento Coutinho Majeski. “Primeiro, ele teve aulas de Libras. E fomos desenvolvendo alguns trabalhos com ele no Napne”, complementa. O núcleo e a professora Shirlei Schaeffer trabalharam juntos para as aulas de língua portuguesa com as adequações necessárias para atendê-lo, já que não é a sua língua materna.
O conteúdo da disciplina começou com interpretação de texto, utilizando diferentes gêneros textuais, inclusive receitas culinárias. “Com aulas práticas, como a preparação de um cupcake de cenoura, conseguimos dar uma nova dinâmica e abordamos diferentes temas como ingredientes para a receita, medidas, lista de compras, pesquisa de preços e formas de pagamento”, destaca Shirlei. A ideia, segunda a professora, foi trabalhar o que o estudante já sabia, seus interesses e seu cotidiano.
Ao trabalhar com o livro “O Pequeno Príncipe”, a professora tratou um aspecto da língua portuguesa a cada capítulo. “E uma das atividades era o estudo de adjetivos por meio da criação de avatares. A partir daí, propusemos que o Alan fizesse uma produção textual a partir do estudo dos adjetivos, que está resultando no material que ele criou de forma autônoma, criativa”, conta Shirlei. A produção tem o apoio da intérprete de Libras Erivania Majeski e da auxiliar pedagógica Elaine Ferreira.
Shirlei destaca a importância do apoio do Napne ao longo do processo. “Como professora, talvez escolhesse caminhos não tão exitosos, e a troca com o Napne foi fundamental para criar alternativas”, destaca. Ela ressalta ainda sobre as mudanças que tem notado no estudante. “Hoje ele tem autonomia, antes dependia muito da intérprete, e agora ele está conseguindo se expressar, escrever. E tenho notado o Alan mais concentrado e mais participativo”, complementa.
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