Feira de Ciências e Inovação Capixaba reúne quase 90 projetos de estudantes do ensino fundamental e médio
Evento faz parte da programação da 7ª Jornada de Integração do Ifes.
Nesta 7ª edição da Jornada da Integração do Ifes, o evento contou mais uma vez com a realização da Feira de Ciências e Inovação Capixaba (Fecinc) dentro da sua programação. A Fecinc foi realizada também no Campus Vila Velha, entre os dias 22 e 24 de novembro.
O evento, antes chamado Feira de Ciências Norte Capixaba, mudou de nome de forma que pudesse representar seu objetivo primordial, que é mostrar os trabalhos inovadores de estudantes do Ensino Médio. A mudança também concretizou a abrangência da feira, que recebe trabalhos de escolas de ensino médio de todo o estado do Espírito Santo.
A cerimônia de premiação da Fecinc aconteceu nesta sexta-feira (24). Foram entregues 45 premiações, com mais de 35 projetos premiados.
A Fecinc
O coordenador-geral da Fecinc e professor do Campus São Mateus, Thiago Rafalski Maduro, explica que a feira é mais que apenas um evento, é um programa de estímulo a ações de popularização da ciência e ao ensino de ciência nas escolas. "A gente busca mostrar para as pessoas oportunidades, mostramos aos professores que eles têm um espaço disponível para os seus projetos, desenvolvidos pelos alunos dos quais eles são orientadores", destaca. "E essa dinâmica de feira itinerante contribui para o objetivo de trazer as pessoas dessa região, pessoas novas que começaram a participar agora porque estava próxima. Quando muda de região, o evento acaba recebendo também estudantes, visitantes de escolas que talvez ainda não tinham conhecimento da feira", aponta o professor.
A Fecinc está conectada a um ecossistema que permite aos alunos um intercâmbio científico para outras feiras de ciências nacionais e internacionais. "O estado tinha essa demanda de uma feira estadual e o evento tem crescido. Nesta edição, foram cerca de 90 projetos, com a participação de quase 300 estudantes do ensino fundamental e médio, vindos de 17 municípios", conta.
Além da mostra dos projetos, também foram realizados momentos específicos com os professores orientadores. Em um deles, as estudantes Pamela Nunes Avelar, Yasmin Ferrari Altoé Francisco e Beatriz Pires Meneghetti, do Campus Vila Velha, contaram sobre sua participação na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, a Febrace 2023. O trabalho delas foi um dos selecionados para a Regeneron ISEF, feira internacional de ciências e engenharia, considerada a maior competição internacional do gênero, realizada em maio, nos Estados Unidos. "A apresentação delas teve como propósito que esses professores pudessem perceber o impacto disso tudo na vida dos estudantes. Porque se trata também de formação de pessoas, conhecer outros lugares e outras pessoas, tem uma série de aprendizados nisso", ressalta Thiago.
Thiago destaca ainda que o principal desafio da Fecinc é o fomento."Premiar alunos para ir a outros eventos é um grande desafio porque precisamos de recursos para poder trazê-los aqui para apresentar seus projetos e também para levá-los a outro estado para participar das feiras nacionais", explica. A Fecinc é afiliada à Febrace, que é organizada pela Universidade de São Paulo (USP), e à Mostratec, feira de ciência e tecnologia realizada pela Fundação Liberato em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Por essa razão, a Fecinc possui quatro vagas na Febrace e duas vagas na Mostratec para envio de projetos.
Projetos
Uma das estudantes que apresentaram projeto na Fecinc 2023 é Mayara Pereira de Jesus, do 3º ano do Técnico integrado em Eletrotécnica do Campus São Mateus. Seu trabalho, intitulado "Formações no Instituto Federal do Espírito Santo, campus São Mateus, sob a analítica de gênero e raça", com orientação do professor Alexandre Luiz Polizel. Essa é a primeira vez que a aluna apresenta um projeto no evento e seu trabalho foi um dos premiados.
"O meu projeto envolve o cabelo e ser mulher negra dentro do Ifes São Mateus. Eu não me sentia representada e queria saber se outras meninas tinham o mesmo pensamento que eu, meninas negras, de cabelo cacheado, ondulado, crespo, pra gente entender o porquê isso estava acontecendo", explica a aluna. Seu objetivo era descobrir como o cabelo influencia na vida delas, por meio de roda de conversa sobre vários assuntos, além do cabelo, para trabalhar o empoderamento das meninas negras do Campus São Mateus.
A ideia de Mayara é estender a conversa para escolas de ensino fundamental também. "É essencial explicar isso para as crianças pequenas, para que elas cresçam se conhecendo mais e se auto-percebendo como pessoa negra também. Na pesquisa, percebi que as meninas sentem um medo muito grande de usar o cabelo natural, de usar o cabelo como é, às vezes escondem, por medo do julgamento que acontece na sociedade” destacou.
Outro projeto presente na Fecinc é o aplicativo NannyApp, de autoria das estudantes Ana Elisa Lopes Cassiano, Yasmin dos Santos Arruda e Thainá Vieira dos Santos, do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Dr. Edward Abreu do Nascimento. O grupo é do município de Pedro Canário, no norte do estado. O trabalho teve orientação do professor Charles Eduardo dos Santos Lima.
A iniciativa surgiu a partir da vivência dos estudantes na própria comunidade, onde muitas mães precisam parar de trabalhar porque não conseguem encontrar ninguém para cuidar dos filhos. "O nosso projeto é aplicativo que visa atingir mães ou pais solteiros ou não solteiros que precisam do auxílio de babás, porque hoje em dia é muito escasso o serviço de babás, e também de cuidadores idosos. O outro público que vai atingir são pessoas que querem uma renda extra ou uma renda fixa com o aplicativo. O nosso aplicativo vai funcionar como se fosse Uber ou iFood em questão de formatação, porque as babás serão avaliadas de 0 a 5 estrelas. E as pessoas que contrataram o aplicativo vão poder deixar a descrição delas além da avaliação que fizeram", explicou Yasmin.
Segunda a estudante, o app tem um chat para contato entre os pais e as babás e filtros de pesquisa: "ele filtra pessoas da mesma região. E na hora de pesquisar, basta colocar a faixa etária da criança e também a sua região no momento do cadastro", complementa. O grupo pretende ainda incrementar o app, para tornar o cadastro rigoroso e seguro, incluindo a possibilidade de pesquisar antecedentes criminais.
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