Conexões Ifes 2024: Painel discute análise de riscos políticos e os desafios da Rede Federal
Articulação de ações institucionais com estratégias coletivas de negociação nortearam a discussão.
O primeiro painel desta quinta-feira (20) no evento Conexões Ifes 2024, promovido pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), abordou um tema recorrente entre os desafios enfrentados pela Rede de Institutos Federais: como articular ações realizadas, necessidades incondicionais e posicionamento na agenda política nacional para garantir melhores condições de funcionamento?
A mesa, mediada pelo reitor do Ifes, Jadir Pela, contou com a participação de Creomar de Souza, CEO da Dharma Consultoria Política, Fernanda Figueiredo Torres, diretora de Relações Institucionais, e Alexandre Bahia dos Santos, diretor executivo, ambos do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).
Os debatedores apresentaram o trabalho desenvolvido pelo Conif para monitorar, classificar e atuar no tratamento de riscos, bem como gerenciar crises originadas no ambiente político. Um exemplo são as investidas de parlamentares em regulamentações que atravessam as construções realizadas pela Rede, podendo afetar negativamente o funcionamento das instituições.
Os convidados também abordaram as articulações para obtenção de recursos, tanto nas definições orçamentárias quanto na execução financeira. Para o cientista político e consultor Creomar de Souza, o termo “atenção” é determinante e deve ser incorporado ao dicionário de práticas políticas de gestores e agentes que atuam na articulação de recursos para o funcionamento dos Institutos. “Atenção é uma palavra-chave na política e é a partir dela que percebemos armadilhas políticas, como a que vivemos recentemente, que foi de bastante instabilidade”, pontuou.
Fernanda Figueiredo e Alexandre Bahia apresentaram aos participantes desafios práticos do dia a dia da agenda do Conif na defesa da Rede Federal, que incluem o acompanhamento legislativo, a articulação com o Ministério da Educação e a construção de pautas coletivas. “Precisamos saber de tudo o que acontece na ponta, pois isso pode ser fundamental numa negociação que pode ocorrer a qualquer momento no parlamento, envolvendo um assunto importante para os institutos”, disse Fernanda.
Já Alexandre apresentou uma trilha com os principais riscos avaliados pelo Conselho. “Podemos elencar questões que tratam desde o ‘humor’ do Congresso Nacional (referindo-se à disposição dos deputados e senadores em estabelecer obstáculos às pautas do governo em determinada sessão) até questões que se originam no contexto internacional”, ponderou.
Principais ameaças e estratégias exitosas
Segundo Creomar de Souza, falhas na comunicação com a sociedade, como, por exemplo, “na divulgação estratégica e didática das pautas do direito constitucional de greve de servidores à comunidade” ou a ausência de posicionamento unificado da Rede diante de contingenciamento orçamentário provocado pelas disputas com segmentos econômicos, podem se constituir em graves ameaças aos Institutos, causando danos que prejudicam todas as demais articulações em curso.
O especialista considera a “prosperidade de forças políticas que não têm a educação como pauta” a principal ameaça no horizonte dos Institutos Federais no próximo período. “Avalio que estamos num momento de transição para um cenário ainda imprevisível, mas que já revela que a sociedade brasileira está diante de uma escolha: a educação é prioridade?” Como estratégia para enfrentar os desafios do momento atual, ele propõe a coesão da Rede como principal arma dos institutos federais. “Somente a força de nossa atuação coletiva vai garantir resultados duradouros”, defendeu.
Tratando sobre o que entende ser um posicionamento acertado, ele argumentou ainda que o papel de ser um modelo de educação tem um bom potencial de êxito da Rede. “Temos que nos posicionar como referências, um farol para toda a educação pública no Brasil”, disse Souza.
Alexandre Bahia defendeu a ausência de uma atuação em “coalizão” como principal ameaça aos Institutos. “Precisamos valorizar as ações que tomamos em conjunto, pois nossa principal força reside justamente no tamanho e no potencial de impacto da Rede sociedade”, afirmou. Ele citou como exemplo a expansão da Rede Federal, que permitiu atravessar momentos turbulentos com consequências menos graves do que o cenário inicial desenhava. Sobre o mesmo assunto, o diretor-executivo também lembrou que momentos de expansão podem ajudar na consolidação das unidades existentes. “Hoje é muito difícil pensarmos em consolidar todos os campi fora de um programa estratégico de ampliação, então é preciso aproveitar as oportunidades”, disse.
Fernanda Figueiredo também defendeu a atuação em conjunto das instituições que compõem a Rede Federal como uma estratégia que pode obter mais resultados. “Às vezes, questões simples, como atravessar a marcação de uma agenda coletiva que estava sendo articulada para reunir algumas pautas importantes em favor de um único ator, pode demonstrar falta de articulação e profissionalismo, e colocar tudo a perder”, pontuou.
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