Mesa debate possibilidades para garantir a permanência dos estudantes
Foco deve ser o aluno que está na instituição hoje, defenderam os participantes da mesa.
Na tarde desta quinta-feira (20), propostas de ações para garantir a permanência deram o tom da mesa-redonda com o tema "A complexidade da permanência e êxito estudantil: possibilidades e estratégias". Mediada pela diretora de Ensino do Campus Vila Velha, Fernanda Becalli; a mesa teve a participação do professor do Instituto Federal Fluminense (IFF), Carlos Artur Arêas; da pró-reitora de Ensino do Ifes, Adriana Pionttkovsky Barcellos, e do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação do Ifes, André Romero da Silva.
Em sua fala, Carlos Artur destacou que a permanência não está dissociada da educação. "Tudo o que a gente faz, as políticas que a gente faz, é voltada para a permanência e êxito", lembra. Segundo o professor, o foco na questão da evasão deve ser nas políticas institucionais e não nos indivíduos. "Tudo o que se faz para garantir o acesso do aluno ao ensino superior é política de permanência, bem como ações de apoio ao estágio do estudante. E os dois podem estar na mesma turma", ressalta.
"Ninguém abre mão de um direito, então, se alguém abre mão do direito à educação, precisamos buscar respostas", afirmou. "A ligação entre educação e profissão é feita por meio do currículo, mas compreender a relação entre educação e trabalho é a chave para entender a permanência", complementa.
Carlos defende ainda uma nova forma de medir a taxa de permanência, transformando-a numa variável contínua. "A permanência não pode ser confundida com taxa de conclusão: não dá para comparar quem largou o curso depois de 3 meses com quem saiu depois de 2 anos e meio", explica. Carlos Artur citou ainda o exemplo do IFF, onde foi um pacto institucional para o Plano de Oferta de Cursos e Vagas. "Fizemos pactos simples, foram várias idas e vindas, para fechar o plano, criamos metas específicas para EJA", explica.
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação do Ifes, André Romero, trouxe em sua fala a questão da permanência e êxito sob a ótica da pós-graduação. "O assunto é recorrente na Rede Federal, mas tem pouca vinculação com a pós, menos ainda das atividades de pesquisa como ação de permanência", afirma.
Ele deu um panorama geral sobre a pós-graduação no Brasil e no Espírito Santo: "é preciso reforçar a identidade da pós na Rede Federal, que não seja uma reprodução do modelo das universidades". André apresentou ainda dados sobre a evasão na Rede, mostrando que há uma assimetria na evasão nas instituições e também dentro do Ifes.
Adriana Pionttkovsky Barcellos, pró-reitora de Ensino do Ifes, iniciou sua fala lembrando que a questão da permanência não é exclusiva da área de ensino. "Qualquer coisa que possa interferir na permanência do estudante é um problema de todos nós, não dá para colocar na coordenadoria de curso, no ensino, na pós-graduação. Não estamos em um escritório, estamos numa escola", ressaltou.
"Nós sonhamos com verticalização, com novos cursos, mas, para isso, precisamos de alunos", afirma. Ela destacou que há um novo cenário atualmente, em que há dificuldades para começar um curso com a turma completa. "Precisamos rever as nossas ofertas para ver se elas estão alinhadas nesse novo contexto. E temos que pensar o acesso dos estudantes ainda na concepção do curso", acrescentou Adriana.
Ela traçou um histórico sobre as ações institucionais para abordar a questão da permanência, chegando à comissão central que, no momento, está trabalhando em documentos norteadores. Outro encaminhamento é a retomada das comissões locais. Adriana destacou ainda ações que o Ifes já realiza e que contribuem para a permanência dos estudantes, como projetos de iniciação científica, esportes, internacionalização, atividades culturais, entre outras.
A pró-reitora também contou sobre o Acórdão 986/2024 do Tribunal de Contas da União (TCU), relacionado às ações de enfrentamento à evasão escolar na Rede Federal. Em decorrência dessa análise, o TCU determinou ao Ministério da Educação a elaboração da estratégia de acesso, permanência e êxito dos estudantes, além de recomendações às instituições da Rede Federal. De acordo com Adriana, o Tribunal estipulou um prazo de 240 para que as instituições elaborem planos sobre como serão tratadas as questões de permanência e êxito no dia a dia.
"A nossa preocupação tem que ser com o aluno que está hoje no Ifes, quais as questões principais que estão envolvidas. Tratar da permanência é um compromisso institucional inegociável e assumimos, enquanto Ifes, que falar de permanência e êxito é uma política institucional", finaliza Adriana.
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