Aproximação, participação e fortalecimento: bate-papo avalia impacto do fomento às indicações geográficas
Encontro de Indicação Geográfica com a Rede Federal começou com apresentação de resultados de edital.
Um bate-papo com produtores e extensionistas iniciou, nesta quarta-feira (4), o Encontro de Indicação Geográfica com a Rede Federal. O evento é realizado no Ifes Campus Venda Nova do Imigrante com o objetivo de reunir os representantes de cooperativas e associações e o público envolvido na temática, além dos coordenadores do Edital Setec/MEC nº 03/2022 de Desenvolvimento de Indicação Geográfica – IG.
A Indicação Geográfica é um meio de identificar a origem de um produto ou serviço que tem certas qualidades graças à sua origem geográfica ou que tem origem em um local conhecido por aquele produto ou serviço. A proteção concedida por uma IG, além de preservar as tradições locais, pode diferenciar produtos e serviços, melhorar o acesso ao mercado e promover o desenvolvimento regional, gerando efeitos para produtores, prestadores de serviço e consumidores.
O edital da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), do Ministério da Educação (MEC), promoveu o fomento das IGs, com envolvimento da Rede Federal com os arranjos produtivos locais. Os projetos foram desenvolvidos ao longo de 2023 em três eixos: diagnóstico sobre o potencial de IG (eixo I); estruturação do pedido de IG (eixo II); e promoção e fortalecimento de negócios por meio de incubação de instituições representativas de IGs com pedidos concedidos ou em análise.
O evento em Venda Nova do Imigrante começou com uma conversa sobre o trabalho desenvolvido no eixo III, comandando pelo professor Christian Mariani, do Ifes, que foi o coordenador desse eixo do edital. Participaram os representantes da Região de Pinhal para Café (SP), João Paulo Pereira e Henrique Antonio Leite Gallucci; o professor Francisco Macedo de Amorim, do Vale do São Francisco para Vinhos (PE); Ana Paula Lelis Rodrigues de Oliveira e Ryan Werner (bolsista), das Matas de Minas para Café (MG); e da Região de São Joaquim para Maçã Fuji (SC), Rogerio de Oliveira Anese e Ronaldo de Arruda Matos.
Do Espírito Santo, participaram da mesa os representantes de Venda Nova do Imigrante para Socol (ES), Felipe Costa Novo Malheiros e Natália Poli Aloquio (bolsista); de São Mateus para Pimenta Rosa (ES), Albeniz de Souza Júnior e Maria Ednalva Santos Pinto; e de Goiabeiras para Panelas de Barro (ES), Iuri Campos de Souza.
Mais próximos e fortalecidos
O professor Christian Mariani iniciou o bate-papo perguntando sobre o impacto do trabalho para a aproximação entre institutos federais (IFs) e as comunidades. “Essa palavra ‘aproximação’ me chamou atenção porque envolve as duas partes”, comentou a professora Ana Paula Lelis Rodrigues de Oliveira.
“Lá nas Matas de Minas, a gente tinha distanciamento e receio. Eles tinham porque o campus de lá é novo. E a gente como pesquisador tinha um pouco de receio porque tinha que entrar numa vereda nova, um projeto que é um desafio. Mas a aproximação aconteceu das duas partes, e a IG abriu as portas pra gente compreender que tinha como contribuir com o projeto deles e crescer”, contou.
Henrique Antonio Leite Gallucci, representante do Café de Pinhal, comentou que a aproximação foi enorme. “Eu nunca tinha ouvido falar dos IFs. Mas encontramos uma equipe que foi vibrante, atenciosa e competente. Foi preponderante a atuação do instituto para nós. O trabalho está mais que de parabéns”, contou.
Natália Poli Aloquio, estudante bolsista que atuou no projeto do Socol, afirmou que o envolvimento com os projetos de IG foi uma oportunidade muito rica de formação para ela como estudante e futura profissional. “Eu como aluna percebo que a gente aprende muita teoria na sala de aula e existe a dificuldade de colocar em prática. Na administração, a gente vê muitas coisas referentes a empresas e eu nem sabia que poderia usar esse conteúdo numa associação. A administração é necessária nesse espaço, além de empresas. E gente conseguiu ajudar a estruturar melhor a associação, foi uma troca muito boa”, contou.
Todos comentaram que há ainda desafios na disseminação do conceito de indicação geográfica e uma compreensão mais aprofundada do que ela pode significar em cada região, em termos de impactos para os produtores envolvidos e para todo um arranjo produtivo. Entretanto, acreditam que o edital já serviu para deixar alguns mais atentos ao tema.
“É preciso que muitos entendam o que é a IG para não falar como sendo só uma marca pra colocar no produto e elevar o valor. IG não é marca, é produto. Outro cuidado é a valorização regional. Não é para destoar da aproximação da sociedade”, enfatizou o professor Francisco Macedo de Amorim, do IFPE.
Para o professor Albeniz de Souza Júnior, no caso da pimenta rosa, é preciso explorar novas possibilidades de uso da planta, que ainda é pouco reconhecida no Brasil, como uma forma de desenvolver produtos que gerem um maior valor agregado.
A produtora e bolsista Maria Ednalva Santos Pinto propõe um primeiro passo nesse sentido para a cooperativa. “Falta pra gente poder beneficiar a pimenta, beneficiar e guardar, poder observar os preços de mercado. Quem sabe assim a gente poderia exportar sem passar por terceiros”, avaliou, reforçando que um novo incentivo para o empreendedorismo seria o ideal.
Redes Sociais