Fotografia e cinema mudam a dinâmica das salas de aula
Conheça iniciativas no Ifes que envolvem produção audiovisual.
Com o advento de novas tecnologias, como os telefones celulares, a fotografia e o cinema são artes cada vez mais acessíveis. E aliadas à educação, possibilitam que estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e também a comunidade externa, em alguns casos, possam construir um repertório artístico-cultural que colaboram para uma formação que vai além das disciplinas tradicionais.
No norte do Estado, duas iniciativas na área de fotografia contribuem para que os estudantes desenvolvam um olhar crítico sobre suas realidades. No Campus Linhares, o professor Tiago José Pessotti realiza o projeto “Ver e Olhar a partir da Fotografia Digital” desde o 1º semestre de 2018. A proposta de oficina começou quando o professor atuava no Campus Barra de São Francisco. Com a sua remoção, Tiago levou o projeto para Linhares. “Eu gosto de fotografar e sentia falta de promover atividades fora da sala de aula. Atividades lúdicas, como a fotografia, são uma oportunidade de integração entre os estudantes. Com isso, a gente sai da rotina, se diverte e aprende também”, conta o professor.
A oficina envolve de 9 a 15 alunos do curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio e é realizada uma vez por semestre. São dez encontros presenciais por semestre, com duração de duas horas cada um, sempre no contraturno e fora da sala de aula. A estudante Sofia Tercio Costa elogiou a iniciativa do campus de oferecer algo que vá além da sala de aula. “Já gostava de foto e tenho câmera, mas com as aulas sobrava pouco tempo para praticar. Na oficina, aprendo a parte técnica de fotografia e também interajo com outros alunos”, afirma.
No Campus Montanha, o LAB77começou neste ano como um projeto teórico-prático de fotografia. Os estudantes conheceram técnicas artesanais da fotografia, como a Cianotipia (emulsão fotossensível azul, baseada em sais de ferro), o Marrom Van Dyke (emulsão fotossensível marrom, baseada em sais de prata) e o Phytotype (emulsão fotossensível de diversas cores, baseada em pigmentos vegetais, como de flores, frutas e legumes), processos inventados no século XIX e que podem ser realizados em suportes como papel, tecido ou madeira. “Trabalhamos a parte teórica, o desenvolvimento da linguagem fotográfica e a criação de projetos fotográficos autorais”, conta a professora Ana Fehelberg, que era responsável pelo projeto.
Cineclubismo
No âmbito do cinema, são vários projetos de norte a sul do Espírito Santo que usam a linguagem cinematográfica para debater temas atuais e incentivar a criação de produtos audiovisuais. As principais atividades ligadas a sétima arte realizadas no Ifes são os cineclubes. Um deles é o Cinedebate Interdisciplinar, do Campus de Alegre, que tem como proposta mudar a dinâmica de sala de aula e convidar os alunos para o debate. O projeto, realizado pelos professores de Filosofia e Sociologia, busca despertar nos estudantes o desenvolvimento da crítica e do raciocínio científico, a partir da exibição de filmes seguidos de debates interdisciplinares com professores de outras áreas. André Felipe Gomes Correia, professor responsável pelo Cinedebate, conta que a metodologia diferenciada, saindo da rotina de aula, favorece a participação dos estudantes. Já foram exibidos “Che” e “As Sufragistas” e a próxima sessão trará o documentário “Privacidade Hackeada”. O Cindebate é aberto a alunos e servidores, mas é voltado principalmente aos estudantes dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio.
No Campus Colatina, desde 2015 os estudantes têm a oportunidade de assistir aos filmes exibidos no Cineclube Colatina. As sessões são mensais e dedicadas, prioritariamente, aos alunos dos cursos técnicos integrados. De acordo com o coordenador, Denimar Possa, as exibições são seguidas de discussões sobre os temas abordados pelos filmes e sobre a linguagem cinematográfica, com o objetivo de contribuir para a formação de cinéfilos. O cineclube é um projeto da área de ensino do campus.
No Campus Ibatiba, o Cineclube Vila do Rosário faz parte do programa de extensão do Núcleo de Arte e Cultura (NAC). Implementado neste ano em parceria com a Diretoria de Cultura e Juventude do município, a ação promove exibições gratuitas de filmes para estudantes de escolas da região de Ibatiba e para o público em geral, com títulos que têm seus direitos de exibição concedidos para a apresentação. A professora de Artes do campus, Thalyta Botelho Monteiro, que tem em sua formação pesquisas na área de animação, é a responsável pela seleção dos títulos. Em agosto, o cineclube apresentou a animação "Minhocas", de Paolo Conti, e contou com mais de 300 espectadores em sete sessões. Neste mês, foram oito sessões para escolas e uma sessão aberta ao público da animação pré-indicada ao Oscar "Tito e os Pássaros", de Gustavo Steinberg.
Mardem Barbosa, coordenador de Extensão e do NAC do Campus Ibatiba, destaca que o cineclube fará parte da 16ª edição do Dia Internacional da Animação, realizado pela Associação Brasileira de Cinema de Animação. “No Espírito Santo, só haverá exibições em Ibatiba e Vitória”, ressalta. A mostra acontecerá no dia 28 de outubro, às 19 horas, no auditório campus, simultaneamente em outras cidades do Brasil.
O Cine Pipoca Agricolano começou em junho deste ano com sessões de cinema para os alunos do Campus Itapina como atividade de contraturno. A primeira exibição foi “O menino que descobriu o vento”, de Chiwetel Ejiofor. De acordo com Rosinei Ronconi, um dos responsáveis pelo Cine Pipoca, a iniciativa nasceu com o objetivo de institucionalizar a proposta de cineclube no campus. As sessões são quinzenais e, além da exibição, são realizadas discussões sobre o tema abordado no filme. “Agora estamos realizando consultas com os alunos para escolhermos os filme”, conta Rosinei. A última sessão foi na quinta-feira (26), com o filme “Shazam”, o mais votado pelos estudantes.
Coordenado pelo professor Marcelo de Amorim Pandolfi e com participação de outros professores do Campus Linhares, o Cineclube Aviso começou em 2017, envolvendo estudantes, servidores, outras instituições da cidade e comunidade de entorno do campus. O cineclube criou momentos de reflexão e aprendizado sobre problemáticas atuais utilizando a linguagem cinematográfica. O projeto era vinculado a Extensão, mas foi integrado às ações de ensino, por meio da participação em várias edições da Semana de Educação para a Vida; e também com a pesquisa, por meio do diálogo com o projeto "Empreendedorismo e Cinema", financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Com o objetivo de promoção da cidadania cultural, o Campus Montanha iniciou o projeto CINE-IFES: luz, câmera e educação!. Por meio da exibição e debate de produções cinematográficas, o projeto busca estimular a formação social crítico reflexiva e o envolvimento dos estudantes em um processo de construção de seu repertório artístico-cultural. A exibição dos filmes tem fins educativos, sendo restrita aos alunos dos cursos técnicos integrados. Foram exibidos filmes nacionais e, de acordo com o tema da produção, eram convidados pessoas com conhecimento na área. Na exibição de “Lixo Extraordinário”, de Lucy Walker, o debate contou com relatos de experiência dos trabalhadores da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Montanha e contribuições técnicas dos professores do Tecnólogo em Gestão Ambiental.
O Cineclube Tio Anísio começou em 2016 como um projeto da área de ensino, mas desde 2017 passou a ser um projeto de extensão. O cineclube tem como objetivo principal proporcionar um espaço para fomentar a reflexão sobre produção audiovisual no Campus Vitória. Na primeira sessão-piloto, foi exibida a produção “Cruzando o Deserto Verde”, de Ricardo Sá, que participou do debate realizado após o filme. Desde então, foram realizadas mais de 40 sessões, a partir de escolhas da própria equipe que compõe o cineclube ou a partir de diálogos com eventos e atividades, envolvendo tanto a comunidade interna quanto a externa.
Fernanda Rodriguez, responsável pelo projeto, ressalta que o cineclube é um ambiente propício a aproximação entre diretores, elenco, debatedores da temática abordada e o público, pois é um espaço para a exibição da produção cinematográfica nacional e local. “A ação do Cineclube Tio Anísio, a partir da própria cultura cineclubista, proporciona condições para a ampliação da inserção do Ifes no fomento a difusão do cinema e da cultura audiovisual e, ainda, da percepção e ressignificação da realidade, a partir dos encontros e bate-papos realizados, possibilitando outras formas de constituição de conhecimentos”, afirma.
O Cineclube Inova Jovem é um projeto de extensão do Campus Viana que explora o papel social do Ifes de oferecer serviços à comunidade. Tem como missão estimular os alunos a traçar paralelos entre o conteúdo aprendido em sala de aula e a realidade que os cerca, para formar não apenas bons profissionais, mas também cidadãos conscientes. O projeto com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e possui parceria com a Agência de Desenvolvimento Social Jovem de Cariacica (Adesjovem) e o Coletivo Formate.
O projeto é realizado desde 2016 e neste semestre os integrantes estudam sobre o bairro Universal, onde o campus está localizado. Um dos desafios é a gravação de vídeos com o uso do celular que retratem a história das ruas do bairro Universal. A proposta da iniciativa é a iniciação da linguagem audiovisual. De acordo com o professor responsável pelo Inova Jovem, Robson Malacarne, a produção deste vídeo permitiu a discussão de temas como a violência simbólica, que perpassa o cotidiano juvenil. “O cineclube colabora ao abrir espaço para a discussão destas temáticas pois, a partir da produção dos vídeos, o espectador passa a ser também produtor do audiovisual”, destaca. Confira um dos vídeos já produzidos.
Outras iniciativas
Além dos cineclubes, outros projetos vinculados a cinema são realizados na instituição, como o Festival de Curtas, organizado pelos estudantes do 4º ano do Técnico em Eletrotécnica. A ideia do evento surgiu para que os alunos tivessem um espaço para exibir os curtas produzidos como trabalho para as disciplinas de Artes e Português, conforme conta a estudante Chiara Merizio. O evento foi realizado em junho deste ano, junto com o Festival de Teatro do campus, e contou com produções dos alunos dos cursos técnicos em Administração, Eletrotécnica e Mecânica.
O Campus Serra também trabalha a temática por meio do Circuito Audiovisual, projeto realizado em parceria com a Secretaria de Audiovisual, do Ministério da Cultura (Minc). O projeto visa promover a produção audiovisual e a cultura no município, além de ampliar a oferta de ações de arte e cultura na região, por meio de ações em produção audiovisual com foco no patrimônio cultural local.
O coordenador do projeto, Amarildo Mendes Lemos, conta que o projeto foi construído por uma equipe multidisciplinar do campus em parceria com cineastas. O Circuito Audiovisual trabalha com um processo formativo que engloba oficinas e práticas em três polos de produção e formação: o Campus Serra, o Centro Cultural Elizário Rangel e a Secretaria de Educação da Serra. Cada polo fez uma seleção dos participantes e, ao final do curso, deverão construir um material audiovisual. A conclusão está prevista para fevereiro de 2020. Mais informações estão disponíveis no site: audiovisualifesserra.com.br.
Cultura no Ifes
Os Núcleos de Arte e Cultura (NAC) são responsáveis por desenvolver localmente a política cultural do Ifes, através do reconhecimento da diversidade cultural e da multiplicidade de expressões culturais, propiciando a democratização do acesso aos meios de fruição, produção e difusão cultural. Presentes em 20 campi, os núcleos elaboram, executam, promovem, acompanham e apoiam a realização de ações de arte e cultura, em parceria com os demais setores do Ifes e a comunidade externa, promovendo a articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão.
Esta matéria faz parte de uma série de notícias promovidas pela Assessoria de Comunicação Social e pela Secretaria de Cultura e Difusão com objetivo de dar visibilidade as atividades culturais realizadas no Instituto. Já foram abordados teatro, festas multiculturais e música e até o final do ano teremos literatura, cultura popular e artes plásticas para que conheçam mais do que acontece no Ifes.
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